O Voo Triunfal: Uma Confissão Eufórica sobre Superman de James Gunn

Mundo Gonzo
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Vamos lá, meus caros leitores. A saga do novo Superman, obra do lendário James Gunn, chegou aos cinemas e, por alguma benção cósmica, eu estava lá. Numa cabine de imprensa no Rio de Janeiro, um antro de almas perdidas onde, geralmente, a audiência é tão escassa quanto decência. Mas não desta vez, meus amigos. Oh, não. Esta era uma cabine especial, uma anomalia digna de estudo, pois tratava-se do retorno do Homem de Aço, o maldito kryptoniano, às telonas. Eu, como um inseto atraído pela luz, não pude resistir.

 

O Filme: Uma Juba de Leão no Picadeiro do Entretenimento

 

O filme? Posso dizer que é ótimo. Sim, ótimo no que se proproem! Você vai se divertir, sua família vai se divertir, seus filhos e sobrinhos sairão com os olhos arregalados de admiração. Até o fã mais fervoroso, aquele tipo que parece ter saído de um seminário sobre quadrinhos, talvez se divirta, pois, de certa forma, Gunn entrega o que essa alma ansiosa gostaria de ver. O roteiro, claro, tropeça em alguns momentos como um bêbado em um beco escuro. Mas, gente, não estamos falando de um drama existencialista de Ingmar Bergman aqui. Acredito fervorosamente no entretenimento, e como tal, Superman é um filme espetacular. É uma injeção de adrenalina direto na veia, um espetáculo que te puxa para dentro da tela e não solta.

 

O Abismo dos "Jornalistas": Um Banquete Selvagem de Egos

Mas vamos mergulhar nas profundezas do inferno que foi o ambiente da cabine. Pessoas, supostamente jornalistas, desfilavam com suas vestes, quase todas estampadas com o símbolo do Superman. Uma cacofonia de camisas e egos. Não havia silêncio, apenas o rugido da multidão. Sabe aquela velha canção da Legião Urbana? "Festa estranha com gente esquisita"? Pois é, me senti imerso nessa confusão.

 

Você senta numa cabine de cinema e espera um mínimo de silêncio. Afinal, você está ali para fazer uma crítica, não para participar de um churrasco de comadres. Mas nada disso acontece. Há sempre umas regras, como a de guardar o celular num saquinho preto impenetrável, que você não pode tocar, muito menos usar para tirar fotos. É um ritual sagrado para blockbusters, mas neste filme, meus amigos, foi a primeira vez que vi a assessora de imprensa da distribuidora entrar na sala, explicando, quase implorando, para que ninguém sacasse o celular.

 

A empolgação era tanta que era palpável, mas ali, 80% daquela gente não era jornalista. E faz parte, estamos vivendo um momento distópico onde o material crítico chega aos fãs através de influenciadores, esses seres que vagam pela internet como zumbis famintos por likes. Tiveram que deixar seguranças no corredor do cinema para ficar de olho em qualquer aparelho de celular. É algo ridículo, mas é a nova realidade.

 

O Ponto Central: Mídia, Conflito e um Superman de 33 Anos

 

Voltando ao filme. Ele não é uma obra-prima, mas é muito bom. A trama é um delírio onde o Superman de David Corenswet é exposto pela mídia. Isso é incrível, a forma como Gunn brinca com a ideia de televisão, me remete a Robocop, aquele clássico do Paul Verhoeven, e até mesmo ao Cavaleiro das Trevas de Frank Miller. A televisão, os jornais, os sites, as redes sociais... elas são personagens nesse filme, e é um barato a forma como a trama é construída, explicando a existência do Superman na Terra e o porquê da revolta de algumas pessoas.

 

Existe um paralelo entre zonas de conflito e as forças por trás delas. Muito, mas muito forte no filme, mostrando que há forças além do que você está vendo. E isso, eu garanto, pode gerar discussões acaloradas, pois a famosa carapuça servirá para alguns. Eu mal posso esperar para ver o circo pegar fogo.

 

Amor e Loucura: Clark, Lois e o Humor Inevitável de Gunn

 

O relacionamento entre Clark Kent e Lois Lane, interpretados com uma química visceral por David Corenswet e Rachel Brosnahan, é um negócio muito, muito legal. Os dois atores se encaixam tão bem que você sente a verdade naquilo. Este filme se transforma, de certa forma, em uma ode aos filmes de Superman que você já assistiu.

 Courtesy of Warner Bros. Pictures.

Mas tem algo no humor deste filme que te pega de surpresa. O humor de James Gunn é inevitável, não adianta. Você vai encontrá-lo, mas ele trabalha de uma forma que você consegue reconhecer o Superman de 1978 de Christopher Reeve na construção de alguns personagens, e na forma como esses personagens são o combustível do filme. Aquela risada, aquele sorriso largo que você precisa no meio da história.

 

Gostei bastante da atuação do Nicholas Hoult como Lex Luthor. É demais! O motivo do ódio, da raiva dele, ao mesmo tempo em que parece bobo, tem todo o sentido por trás. E no final, sabe aquela cena clichê de desenho animado, onde o vilão fala: "Se não fossem esses garotos, eu teria conseguido conquistar o meu plano!"? Pois é, o Lex Luthor de Hoult tem um pouco disso, mas a construção dele é muito boa no final, muito boa a forma como ele tenta se movimentar entre as esferas de poder, tenta manipular a mídia, criando fake news. Ou talvez as fake news não sejam fake news, mas ele as transforma em uma arma maior para atacar o Superman. É um filme bem interessante na forma como é feito.

 Courtesy of Warner Bros. Pictures.
 

O Voo do Superman: Sem Origens, Apenas Impacto

 

Ele apresenta os personagens sem a necessidade de recontar a origem do Superman, e isso é um ponto positivo e tanto. Superman chega à Terra e, durante a adolescência, você não sabe nada da juventude dele. De nada. Mas, três décadas depois, ele começa a atuar. E daí você pode imaginar um pouco do que estou falando. Estamos diante de um homem de 33 anos fazendo bondade pelo mundo, e é aí que você vê um paralelo com a religião e toda a carga divina que o Superman carrega. Isso é interessante, bem interessante.

 

A Catarse e o Chamado ao IMAX: Olhe para Cima!

 

Tirando os comentários da cabine... é sério. Às vezes eu acho que não aguento mais meus colegas nerds que faziam comentários durante o filme. Falavam alto! Não existia aquele cochicho, aquele sussurro para o lado. Não, eles berravam. Comentários esdrúxulos e gritos esfuziantes ao final do filme. Tudo isso às vezes me incomoda um pouco. Parece que perdemos um pouco do nosso profissionalismo. Quando você vai a uma cabine e age como fã, e não como jornalista, ou como alguém que vai criar um objeto de crítica para outra pessoa, isso é decepcionante.

 

Mas, voltando ao que importa, James Gunn entregou uma peça de cinema que você deve ver com seus amigos, seus colegas. É um filme feito para o IMAX, então assista numa tela grande para sentir um pouco de imersão. Telas pequenas não vão te entregar o filme completamente. É interessante assistir esse filme no IMAX, bem interessante.

 

Ah, tem um ponto negativo no filme, ele tem nome: trailer. Poucas cenas impactantes e surpresas sobraram. 

 

Leve seus amigos, vá com seus amigos, divirta-se, leve seu filho, seu neto, seu sobrinho. Aproveite, pois esse é um filme que traz um pouco de esperança em um universo tão complicado, não só para a DC, mas para a Marvel também. Que venham mais filmes que, no final, entreguem apenas isso: entretenimento com um bom roteiro. Nada maravilhoso, mas que você possa se divertir e sair com vontade de olhar para cima.

 

One to One: John & Yoko

fotos: Courtesy of Warner Bros. Pictures.

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