Domingo à tarde, folga da TV. Depois de semanas no batente jornalístico, decidi ignorar a pilha de gibis que só cresce – “Spawn Origens”, edição três, inclusive – e resolvi aproveitar o Telecine. Entre as assinaturas que mal uso, o Telecine é o campeão do esquecimento. Ridículo, eu sei, mas quando você passa o dia com a cabeça fritando, acaba não usando nada do que paga. Comigo, pelo menos, é assim.
Mesma coisa com meus gibis: empilhados como se estivessem em crescimento exponencial. Então, de folga, jogado na cama, pensei: "Hoje não leio P@#$@ nenhuma." E assim foi. Mas, por algum motivo obscuro, fui parar no filme ‘Aumenta Que é Rock’n Roll’. Sinopse, você encontra fácil: uma comédia brasileira, rádio falida nos anos 80, Luiz Antônio, um cara atrapalhado, criando a lendária Fluminense FM – "A Maldita" –, a rádio que moldou o rock no Brasil. Amor, fobias, luta, e aquela dose de nostalgia embalando tudo. Quando dei play, estava no piloto automático: celular na mão, jogando e conferindo redes sociais. Quem consegue se concentrar com o mundo desabando em notificações? Mas, 10 minutos depois, o filme me fisgou. Larguei tudo e comecei a prestar atenção de verdade. Algo raro.
Tem algo nesse filme que me lembrou os tempos de Luiz Antônio Melo na International Magazine – um tabloide musical que eu devorava. Claro, "A Maldita" não é da minha época, eu cheguei depois, comprando discos dos The Beatles – sim, gosto de escrever o "The", soa estúpido e por isso mesmo adoro. Mas a rádio tinha aquela aura mítica. Até o dia que a concorrência engoliu o sinal, mas isso é outra história. ‘Aumenta Que é Rock'n Roll’ não é nenhuma obra-prima, mas me pegou. Tem aquela dose certa de loucura e caos que mantém sua atenção. É um filme de sessão da tarde, você vai se divertir. Eu, no entanto, acabei mergulhado em pensamentos. Fobias, amor, luta... me fizeram refletir. Não me entenda mal, mas fazia tempo que não me jogava em frente ao notebook pra escrever algo mais gonzo. Foi um bom começo de tarde.
Ps.: nota para mim mesmo, tenho que usar mais o Telecine.