No mundo das lutas, o caos reina. E no meio desse caos, surgem histórias que desafiam a lógica e alimentam o espetáculo.
Ontem, eu estava na redação da TV (o famoso plantão, meu povo), ajustando o texto para a luta da noite, o Fight Music Show 5, onde Popó, um ícone do boxe, enfrentaria o argentino El Chino. Aquele mesmo que, 15 dias atrás, protagonizou uma cena digna de novela mexicana, com tentativa de rasgar a camisa da seleção brasileira e uma cadeirada que nem o Chapolin Colorado teria coragem de desferir. O ringue, como sempre, seria o palco perfeito para essa dança.
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A cadeirada de Popó - Foto: Reprodução |
Enquanto escrevia, o evento já se desenrolava na minha cabeça. A pesagem? Uma prévia teatral. Popó não economizou no trash talking, e eu logo lembrei do WWE. Aliás, quem não lembra do Coveeeeiiroooo Undertaker? Aquilo era uma luta de mentira? Olha, às vezes sim, mas também tinha muita gente se lesionando. Vai saber, né? Mas era honesta na sua proposta, isso não se pode negar. No boxe, ainda tentam manter a seriedade, embora eventos como esse já mostrem que o show vem em primeiro lugar. O Kayfabe do wrestling, aquela linha tênue entre realidade e encenação, parecia ter se infiltrado no Fight Music Show. Mas é exatamente esse tipo de caos que transforma o esporte em entretenimento. Se ainda não entendeu, recomendo o documentário sobre Vince McMahon na Netflix – ele é o arquiteto do WWE.
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Mr. McMahon - Netflix -Foto: Reprodução |
Mas a noite foi de Popó. Ele encarou El Chino como se o caos fosse rotina. Trocaram socos e, por mais que parecesse um espetáculo, o brasileiro provou que ainda tinha gás – ou quase. No final, veio a vitória por decisão unânime, mas também um anúncio: a aposentadoria.
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Acelino Popó após o Fight Music Show 5 — Foto: Reprodução |
“Eu fiz 49 anos três semanas atrás, não é mais 29 anos, 19 anos... se for pra fazer esse tipo de luta, eu não luto mais não. Essa aqui foi minha despedida de luta oficial.”
A luta acabou, mas o show continua. Popó saiu do ringue como entrou: vitorioso, mas consciente de que o tempo não espera por ninguém. Mais um espetáculo, mais uma lenda que se despede, e o Fight Music Show 5 vai para a história – pelo boxe ou pelo teatro, quem se importa?