QUARTETO FANTÁSTICO: PRIMEIROS PASSOS | A Marvel Acertou em Cheio — E o Quarteto Finalmente Funciona

Mundo Gonzo
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Quarteto Fantástico: Primeiros Passos



Eles esticam. Eles voam. Eles pegam fogo. Eles esmagam. E, finalmente, eles acertam.

Eu saí da cabine com um sorriso de canto a canto. Um daqueles sorrisos que não se explica com argumento técnico nem com comparações cinematográficas. Era um sorriso quase infantil, nascido do coração de quem cresceu com papel amarelado nas mãos e heróis em macacões coloridos. Quarteto Fantástico: Primeiros Passos não é só um bom filme. É um acerto de contas com o passado. É um novo começo. E, acima de tudo, é um filme que não tem vergonha de ser feliz.


Num mundo onde todo blockbuster quer parecer complexo, profundo, cheio de mensagens embutidas, veio esse filme e disse com todas as letras: nós somos super-heróis e não estamos pedindo desculpas por isso. E isso, meus amigos, é suficiente.


Essa é a primeira família da Marvel, e finalmente ganhou o filme que merece. Uma história coesa, cheia de ritmo, de luz, de cor, de humanidade. Um filme que entende que família é o centro da coisa toda. Que o que torna Reed, Sue, Johnny e Ben incríveis não são seus poderes, mas sim suas relações. O amor, a raiva, a frustração, o cuidado. O carinho por trás da pancadaria.


Pedro Pascal como Reed Richards é o cérebro do grupo, mas nunca distante. Um cientista que carrega nas costas o peso do futuro, mas que não perde a ternura. Vanessa Kirby brilha como Sue Storm, talvez a melhor Mulher Invisível já feita em qualquer tela. Ela é o eixo. A força calma. O sentimento que une. Joseph Quinn como Johnny Storm está em combustão constante. Ele tem humor, energia, presença. A arrogância necessária. A centelha do caos. E o Ben Grimm de Ebon Moss-Bachrach? Um monumento de pedra com alma fraturada. Um amigo fiel com punhos pesados e coração mole. Quando ele diz que está na hora do pau, você sente no osso. Ah, Galactus de Ralph Ineson, e a Surfista Prateada de Julia Garner estão ótimos, vou dizer, queria mais tempo para eles no filme.



Mas nenhum filme é invulnerável. E aqui, mesmo com tanta coisa boa, existe um detalhe que me tirou um pouco do filme. São aquelas cenas em que a televisão vira personagem. O tipo de construção metalinguística que já vimos antes, sem vou citar Robocop, que fez isso com perfeição, Superman brincou com isso, e agora o Quarteto tenta usar a mesma fórmula. Mas aqui, o resultado soa forçado. Cansativo. Parece uma tentativa de emular algo icônico sem a mesma força narrativa. E quando a TV começa a tentar contar a história por cima da própria história, a mágica perde um pouco do ritmo.


É um trope moderno, que muitos diretores adoram usar para parecerem mais sofisticados. Mas o Quarteto não precisa disso. A força deles está na simplicidade, no calor humano, no contato direto com o espectador. E nessas cenas, senti que nos afastaram deles.


Mesmo assim, é importante dizer: isso não arruina o filme. Apenas corta um pouco da velocidade. Ainda é um longa para levar a família, e não só porque é classificado para todos os públicos. É porque o filme é sobre família. Sobre estar junto, mesmo quando tudo parece desabar. Sobre confiar, lutar lado a lado, e rir mesmo depois de quase morrer explodido por uma tempestade cósmica.


E mais: é um filme que varre do mapa os fantasmas da 20th Century Fox. Aqueles filmes que tentaram, falharam, recomeçaram, falharam de novo. Essa nova versão não precisa pedir desculpas por existir. Ela assume o posto com autoridade. E pode, sim, ser chamada de versão definitiva do Quarteto Fantástico.


Agora sim, podemos olhar pra frente.


O final não entrega spoilers nem pirações exageradas, mas abre caminho para um futuro brilhante. Já consigo ver o Quarteto interagindo com os Vingadores. Participando de Vingadores: Doomsday. E, claro, enfrentando o caos absoluto em Guerra Secreta. O caminho está limpo. A nave está pronta.


Quarteto Fantástico: Primeiros Passos é escapismo de qualidade. É gibi puro na veia. É Marvel resgatando o que sabe fazer de melhor. E a gente só tem a agradecer.


Porque no fim do dia, é isso que a gente quer.
Um bom filme. Um bom elenco. Uma boa história. Um bom tempo na frente da tela.
E sair da sala com um sorriso largo, de quem acaba de ver algo fantástico.


Crítica publicada na faixa por Cass Pinheiro.
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