Você pode ter acordado achando que o mundo ainda gira sob alguma lógica editorial, mas aí vem a Marvel e estampa isso: Godzilla vs. Spider-Man #1. Não é uma fanart, não é um delírio de fórum. É real. É oficial. E é um absurdo tão divertido que faz o crossover Batman vs. Predador parecer um jantar de gala.
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Capa oficial da edição #1 |
Com roteiro de Joe Kelly e arte de Takashi Okazaki (de Afro Samurai), a HQ estreou em 30 de abril de 2025 como parte de uma nova linha de colaborações da Marvel com a Toho Studios. O resultado? Uma pancadaria gráfica entre o escamoso rei dos monstros e o mais carismático escalador de paredes de Nova York.
A história se passa logo após as primeiras Guerras Secretas, o que significa que temos um Peter Parker usando o uniforme negro simbiótico, com a Gata Negra como parceira de ação e uma vida completamente bagunçada: sem grana, com problemas no trabalho e convivendo com uma namorada que prefere sua versão mascarada do que o alter ego civil. Em meio a tudo isso, Godzilla surge... porque, claro, a vida do Aranha nunca foi simples.
Na entrevista concedida ao site oficial de Godzilla (leia aqui), Joe Kelly explicou que queria capturar a essência do caos dos anos 80: "Peter está em um momento muito particular da vida, exausto e emocionalmente vulnerável... e eu achei justo jogar um monstro de 100 metros em cima dele". Kelly também revelou que procurou equilibrar comédia física e emoção sincera: "Você vai rir de algumas situações absurdas, mas também entender como esse Peter, com o peso do mundo nas costas, ainda consegue ser o herói mais humano da Marvel."
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Página inicial com o confronto começando |
Do ponto de vista visual, Takashi Okazaki entrega páginas cinematográficas, com quadros duplos cheios de fumaça, destruição e o olhar incrédulo de um Peter Parker que já enfrentou de tudo — mas não isso. É uma arte que salta aos olhos, dinâmica e estilizada, com referências aos filmes clássicos da Toho e à Nova York caótica dos anos 80.
Mas nem tudo são teias e rugidos. O ritmo da HQ é um pouco irregular em seus primeiros momentos. A introdução arrasta, o timing de alguns diálogos parece truncado, e há transições que poderiam ser mais polidas. Ainda assim, quando a luta explode, o gibi encontra seu tom e vira um espetáculo.
Ponto alto: a interação entre Peter e Felicia Hardy, que traz leveza e química para a narrativa. Ponto fraco: a ausência de maior peso dramático para o aparecimento de Godzilla, ele simplesmente aparece, sem grande impacto narrativo. Talvez seja proposital, talvez apenas apressado.
A revista saiu nos Estados Unidos com capa regular e variantes exclusivas. Por enquanto, ainda sem previsão no Brasil. Mas já dá pra encomendar importada pela Baú das HQs, é só mandar uma mensagem e usar o cupom mundogonzo10 pra garantir 10% de desconto nas edições em estoque.
Não se trata de uma HQ profunda. Mas é uma HQ necessária. Num mundo cínico, barulhento e acelerado como o nosso, ver o Aranha dar um mortal no focinho do Godzilla é uma pausa poética que só os quadrinhos podem oferecer.





