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Foto: DC Comics |
O mundo dos quadrinhos nunca esteve tão insano. Em setembro de 2025, duas das maiores forças criativas da indústria decidem fazer aquilo que todos sempre disseram ser impossível: colocar Deadpool e Batman frente a frente, lado a lado, trocando socos e piadas, balas e morcegos. Um encontro que, mais do que um crossover, é um espelho distorcido onde o caos e a ordem se encaram sem piscar.
A primeira investida vem em setembro, com Deadpool/Batman, escrita por Zeb Wells e desenhada com aquele traço musculoso e visceral que beira a insanidade de Greg Capullo. Wells, conhecido por suas tramas cheias de humor ácido, já deixou sua marca tanto na Marvel quanto na televisão, em roteiros que misturam anarquia e afeto. Capullo, por sua vez, retorna ao Morcego que ajudou a redefinir na década passada, especialmente na fase de Scott Snyder, com direito a capas que pareciam gritos congelados em papel.
E não para por aí. Em novembro, a sequência, ou quem sabe o reflexo invertido: Batman/Deadpool, roteirizada por ninguém menos que Grant Morrison, o mago careca escocês das narrativas psicodélicas, o homem que desconstruiu e reconstruiu o próprio conceito de super-herói. Ao lado dele, Dan Mora, o artista costarriquenho que vem se tornando uma lenda viva, com um traço limpo, dinâmico e elegante, que fez escola em obras como "O Único e Eterno" e "Batman & Superman: Os Melhores do Mundo".
Dois encontros, dois pontos de vista, como se fossem duas lentes caleidoscópicas através das quais se observa o mesmo delírio. De um lado, o Deadpool debochado, imprevisível, um malandro moderno que parece ter saído das páginas de uma peça de teatro de Beckett, mas com pistolas automáticas e um senso de humor impróprio para menores. Do outro, Batman, o vigilante soturno, homem traumatizado que fez do medo sua armadura. Juntos, são como vinho e dinamite.
Zeb Wells, há anos figura carimbada na Marvel, roteirizou arcos memoráveis de personagens como Homem-Aranha, Novos Guerreiros, Demolidor e os Novos Mutantes. Sua habilidade em equilibrar humor e drama é perfeita para lidar com a esquizofrenia criativa que é Deadpool. Greg Capullo, o desenhista que fez Spawn parecer ainda mais demoníaco e que transformou Batman em um símbolo gráfico do século XXI, é o homem certo para colocar peso e textura nesse primeiro round.
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Primeiro round - Marvel Comics |
Grant Morrison dispensa apresentações. Criador de verdadeiras obras-primas como Asilo Arkham, Os Invisíveis, Multiverso, sua visão de Batman sempre foi a de um xamã urbano, uma figura que habita o inconsciente coletivo. Agora, com Deadpool ao seu lado, a expectativa é de uma narrativa que rompa qualquer estrutura convencional. Dan Mora, com seu domínio magistral de ação e composição de página, promete entregar cenas que já nascem clássicas.
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Segundo round - DC Comics |
A Marvel e a DC, duas editoras que durante décadas travaram uma guerra fria criativa, agora, mais do que nunca, percebem que seus personagens vivem melhor quando se encontram, se chocam, se desentendem e, no processo, criam algo absolutamente novo.
O século XXI sempre nos prometeu o inesperado. E aqui estamos nós, testemunhando algo que parecia tão improvável quanto um morcego voar à luz do dia ou um mercenário falastrão calar a boca. Deadpool e Batman, Batman e Deadpool. Dois lados da mesma moeda, girando loucamente no ar.
Não há como prever o impacto total dessas revistas, mas uma coisa é certa: este pode ser o crossover mais insano, barulhento e relevante das últimas décadas. E quem sabe, talvez seja a porta de entrada definitiva para uma nova era de colaborações entre Marvel e DC. Prepare-se, porque o multiverso nunca mais será o mesmo.